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    Máscara contra a Covid-19: quem deve usar mesmo com o fim da obrigatoriedade?

    Especialistas ouvidos pelo g1 listam seis perfis de pessoas que ainda precisam manter as máscaras mesmo quando não houver mais determinação.

    Por Carolina Dantas e Roberto Peixoto, g1

    08/03/2022 05h01  Atualizado há 5 horas


    Mulheres caminham de máscara nas lojas do Saara, Centro do Rio, nesta segunda-feira (7). — Foto: Marcos Serra Lima/g1

    Mulheres caminham de máscara nas lojas do Saara, Centro do Rio, nesta segunda-feira (7). — Foto: Marcos Serra Lima/g1https://0f668d4cd22a9a6837afc3394254b154.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Os moradores do Rio não são mais obrigados a usar a máscara, de acordo com decreto publicado nesta segunda-feira (7). A discussão já ocorre em outros estados, como São Paulo, mas é controversa: a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) diz que a decisão é precipitada.

    Especialistas ouvidos pelo g1 alertam que, ao menos para alguns grupos de risco, o fim do uso do equipamento de proteção é ainda menos indicado. Veja, abaixo, quais são os grupos mais expostos e por que eles devem continuar utilizando a máscara:

    1 – Imunossuprimidos

    As pessoas com baixa imunidade são chamadas de imunossuprimidas ou imunocomprometidas. Por enquanto, inclusive no Rio, elas ainda são obrigadas a utilizar a máscara 100% do tempo.https://0f668d4cd22a9a6837afc3394254b154.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Não há relação direta entre pessoas com comorbidades (que tinham doenças prévias como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares) e imunossuprimidos, embora as duas condições possam ocorrer em um mesmo paciente.

    O grupo dos imunosuprimidos considera, por exemplo, pessoas com câncer, pessoas vivendo com HIV, transplantados e outros com o sistema imune fragilizado, o que deixa o paciente mais suscetível a infecções. São eles:

    • Pessoas transplantadas de órgão sólido ou de medula óssea;
    • Pessoas com HIV e CD4 <350 células/mm3;
    • Pessoas com doenças reumáticas imunomediadas sistêmicas em atividade e em uso de dose de prednisona ou equivalente > 10 mg/dia ou recebendo pulsoterapia com corticoide e/ou ciclofosfamida;
    • Pessoas em uso de imunossupressores ou com imunodeficiências primárias;
    • Pessoas com neoplasias hematológicas, como leucemias, linfomas e síndromes mielodisplásicas;
    • Pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses.

    “Os imunossuprimidos são todas aquelas pessoas que recebem ou receberam tratamento que mexe com o sistema imunológico, ou que têm alguma doença que deprime o sistema imunológico”, diz João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.https://0f668d4cd22a9a6837afc3394254b154.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Para esse grupo, e para as pessoas que convivem com imunossuprimidos, o especialista considera que uma preocupação maior em retirar qualquer medida preventiva adicional é de fato válida.

    “Se você tem um imunossuprimido no seu convívio íntimo, seu comportamento deve ser muito parecido com o dessa pessoa”, alerta Prats.

    O pesquisador vai além e diz que os imunossuprimidos são um grupo de atenção especial não apenas na questão do uso da máscara, mas também na questão do índice de vacinação geral da população; não vacinados podem comprometer esse grupo de risco.

    “Precisamos entender que no âmbito comunitário todo mundo tem que estar vacinado, para evitar que a doença chegue nas pessoas imunossuprimidas”, diz.

    No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda uma dose de reforço da vacina da Covid para todos os indivíduos imunocomprometidos acima de 12 anos de idade que receberam três doses (duas doses e uma dose adicional).

    “A vacina não interrompe o ciclo de transmissão com eficiência, e portanto, infectados assintomáticos ou com formas leves ainda transmitem, e aí está o perigo visto que a cobertura vacinal não é uniforme, nem geograficamente, e nem em todas as faixas etárias”, acrescenta Camila Romano, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).https://0f668d4cd22a9a6837afc3394254b154.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Por isso, a infectologista do Hospital Sírio-Libanês e consultora técnica do Ministério da Saúde, Carla Kobayashi, explica que, além de continuarem usando máscaras, é essencial que essas pessoas mantenham o calendário vacinal atualizado, sempre que possível (transplantados de medula óssea, por exemplo, devem esperar 6 meses depois do transplante).

    “Sempre que dentro da sua realidade, mantenha seu esquema vacinal completo para que você não tenha chances altas de uma doença mais grave ou de um quadro mais grave em relação à Covid”, alerta.

    2 – Pessoas com comorbidades

    A prefeitura do Rio estabeleceu que pessoas com “comorbidades graves” ainda estão obrigadas a utilizar a máscara — justamente porque desde o início da pandemia são consideradas um dos grupos mais vulneráveis à versão grave da Covid-19. No entanto, o decreto não especifica quais doenças se enquadram na classificação.

    São consideradas comorbidades, segundo definição do Ministério da Saúde:

    • Doenças cardiovasculares
    • Insuficiência cardíaca
    • Cor-pulmonale (alteração no ventrículo direito) e hipertensão pulmonar
    • Cardiopatia hipertensiva
    • Síndromes coronarianas
    • Valvopatias
    • Miocardiopatias e Pericardiopatias
    • Doença da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas
    • Arritmias cardíacas
    • Cardiopatias congênitas no adulto
    • Pessoas com próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados
    • Diabetes mellitus
    • Pneumopatias crônicas graves
    • Hipertensão arterial resistente (HAR)
    • Hipertensão arterial – estágio 3
    • Hipertensão arterial – estágios 1 e 2 com lesão e órgão-alvo e/ou
    • Doença cerebrovascular
    • Doença renal crônica
    • Anemia falciforme e talassemia maior (hemoglobinopatias graves)
    • Obesidade mórbida
    • Cirrose hepática
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    A homenagem ao dia da mulher


    Hoje, a data é cada vez mais lembrada como um dia para reivindicar igualdade de gênero e com protestos ao redor do mundo — aproximando-a de sua origem na luta de mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.https://d15f1f50cef3c216ddce8424d56b95b9.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Elas começaram uma campanha dentro do movimento socialista para exigir seus direitos — as condições de trabalho delas eram ainda piores que as dos homens à época.

    A origem da data escolhida para celebrar as mulheres tem algumas explicações históricas. No Brasil, é muito comum relacioná-la ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (na maioria, judeus), que trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial.

    No entanto, há registros anteriores a esse episódio que trazem referências à reivindicação de mulheres para que houvesse um momento dedicado às suas causas dentro do movimento de trabalhadores.

    As origens do Dia Internacional da Mulher

    Se fosse possível fazer uma linha do tempo dos primeiros “dias das mulheres” que surgiram no mundo, ela começaria possivelmente com a grande passeata das mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York.

    Na Rússia, em 1917, milhares de mulheres foram às ruas contra a fome e a guerra; a greve delas foi o pontapé inicial para a revolução russa e também deu origem ao Dia Internacional da Mulher — Foto: Getty Images

    Na Rússia, em 1917, milhares de mulheres foram às ruas contra a fome e a guerra; a greve delas foi o pontapé inicial para a revolução russa e também deu origem ao Dia Internacional da Mulher — Foto: Getty Imageshttps://d15f1f50cef3c216ddce8424d56b95b9.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho — na época, as jornadas para elas poderiam chegar a 16h por dia, seis dias por semana e, não raro, incluíam também os domingos. Ali teria sido celebrado pela primeira vez o “Dia Nacional da Mulher” americano.

    Enquanto isso, também crescia na Europa o movimento nas fábricas. Em agosto de 1910, a alemã Clara Zetkin propôs em reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas a criação de uma jornada de manifestações.

    “Não era uma questão de data específica. Ela fez declarações na Internacional Socialista com uma proposta para que houvesse um momento do movimento sindical e socialista dedicado à questão das mulheres”, explicou à BBC News Brasil a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras nos estudos sobre os direitos das mulheres no país.

    “A situação da mulher era muito diferente e pior que a dos homens nas questões trabalhistas daquela época”, disse ela, que é coordenadora da USP Mulheres.

    A proposta de Zetkin, segundo os registros que se tem hoje, era de uma jornada anual de manifestações das mulheres pela igualdade de direitos, sem exatamente determinar uma data. O primeiro dia oficial da mulher seria celebrado, então, em 19 de março de 1911.https://d15f1f50cef3c216ddce8424d56b95b9.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

    Em 1913, as mulheres já protestavam pelo direito de votar nos Estados Unidos; nessa época, eram frequentes os protestos também por melhores condições de trabalho — Foto: Getty Images

    Em 1913, as mulheres já protestavam pelo direito de votar nos Estados Unidos; nessa época, eram frequentes os protestos também por melhores condições de trabalho — Foto: Getty Images

    Em 1917, houve um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de Março. Naquele dia, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa.

    O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo — 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

    Após a revolução bolchevique, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heroica e trabalhadora”.

    Data foi oficializada em 1975

    O chamado Dia Internacional da Mulher só foi oficializado em 1975, ano que a ONU intitulou de Ano Internacional da Mulher para lembrar suas conquistas políticas e sociais.

    “Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que não foi resolvido até hoje. A desigualdade de gênero permanece até hoje. As condições de trabalho ainda são piores para as mulheres”, pontuou Eva Blay.

    “Já faz mais de cem anos que isso foi levantado e é bom a gente continuar reclamando, porque os problemas persistem. Historicamente, isso é fundamental.”