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    Aprofundamento da Poesia

    Segunda Geração Modernista – 2.ª Fase do Modernismo

    Daniela Diana

    Daniela Diana

    Professora licenciada em Letras

    segunda geração modernista ou segunda fase do modernismo representa o segundo momento do movimento modernista no Brasil que se estende de 1930 a 1945.

    Chamada de “Geração de 30”, essa fase foi marcada pela consolidação dos ideais modernistas, apresentados na Semana de 1922. Lembre-se que esse evento marcou o início do Modernismo rompendo com a arte tradicional.

    A publicação Alguma Poesia (1930) de Carlos Drummond de Andrade marcou o início da intensa produção literária poética desse período.

    Na prosa, temos a publicação do romance regionalista A Bagaceira (1928) do escritor José Américo de Almeida.

    Resumo da segunda fase do modernismo

    Para muitos estudiosos do tema, a segunda geração modernista representou um período muito fértil e rico para a literatura brasileira.

    Também chamada de “Fase de Consolidação”, a literatura brasileira estava vivendo uma fase de maturação, com a concretização e afirmação dos novos valores modernos.

    Além da prosa, a poesia foi um grande foco dos literatos. Temas nacionais, sociais e históricos foram os preferidos pelos escritores dessa fase.

    Contexto histórico da segunda fase do modernismo

    A segunda fase do modernismo no Brasil surgiu num contexto conturbado. Após a crise de 1929 em Nova York, (depressão econômica) muitos países estavam mergulhados numa crise econômica, social e política.

    Isso fez surgir diversos governos totalitários e ditatoriais na Europa, os quais levariam ao início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

    Além do aumento do desemprego, a falência de fábricas, a fome e miséria, no Brasil a Revolução de 30 representou um golpe de estado. O presidente da República Washington Luís foi deposto, impedindo assim, a posse do presidente eleito Júlio Prestes.

    Foi o início da Era Vargas e o fim das Oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, denominado de “política do café com leite”. Com a chegada de Getúlio ao poder, a ditadura no país também se aproximava com o Estado Novo (1937-1945).

    Características da segunda fase do modernismo

    As principais características dessa fase foram:

    • Influência do realismo e romantismo;
    • Nacionalismo, universalismo e regionalismo;
    • Realidade social, cultural e econômica;
    • Valorização da cultura brasileira;
    • Influência da psicanálise de Freud;
    • Temática cotidiana e linguagem coloquial;
    • Uso de versos livres e brancos.

    A prosa de 30 na segunda fase do modernismo

    Nessa fase, o grande foco da prosa de ficção foram os romances regionalistas e urbanos.

    Preocupados com os problemas sociais, a prosa dessa fase se aproximou da linguagem coloquial e regional. Assim, ela mostrou a realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade.

    Principais autores e obras da prosa de 30

    1. José Américo de Almeida (1887-1980)

    José Américo de Almeida é o autor do romance regionalista A Bagaceira (1928), marco inicial da prosa de 30. Nessa obra, ele relata o tema da seca e da vida de retirantes.

    2. Graciliano Ramos (1892-1953)

    Graciliano Ramos se destacou na prosa regionalista com seu romance Vidas Secas (1938). Nele, aborda diversos aspectos do sertanejo e problemas como a seca do Nordeste, a fome e a miséria dos retirantes.

    3. Jorge Amado (1912-2001)

    Jorge Amado foi importante no desenvolvimento da prosa regionalista e urbana com seus romances:

    • O País do Carnaval (1931): relata a vida de um intelectual brasileiro e suas considerações sobre o Carnaval e o tema da mestiçagem.
    • Cacau (1933): ambientados na fazenda de cacau no sul da Bahia, relata a vida e exploração dos trabalhadores.
    • Capitães de Areia (1937): romance urbano que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador.

    4. Rachel de Queiroz

    Rachel de Queiroz (1910-2003) publica em 1930 seu romance intitulado O Quinze em que aborda sobre uma das maiores secas que assolou o Nordeste em 1915.

    5. José Lins do Rego (1901-1957)

    José Lins do Rego publica em 1932 seu romance Menino de Engenho. Ambientada nos engenhos nordestinos, aborda a temática do ciclo de açúcar no Brasil.

    A poesia de 30 na segunda fase do modernismo

    O melhor momento da poesia brasileira aconteceu na segunda fase do modernismo, que ficou conhecido com a Poesia de 30.

    Ele se caracteriza pela abrangência temática em virtude da racionalidade e questionamentos que norteavam o espírito dessa geração.

    Principais autores e obras da poesia de 30

    1.Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

    Carlos Drummond de Andrade foi o precursor da poesia de 30 e, sem dúvida, um dos maiores representantes com destaque para sua obra Alguma Poesia, publicada em 1930.

    2. Cecília Meireles (1901-1964)

    Com forte influência da psicanálise e da temática social, Cecília Meireles é considerada uma das maiores poetisas brasileiras.

    Desse período destacam-se as obras: Batuque, samba e Macumba (1933), A Festa das Letras (1937) e Viagem (1939).

    3. Mario Quintana (1906-1994)

    Chamado de “poeta das coisas simples”, Mário Quintana possui uma vasta obra poética. Desse período merece destaque seu livro de sonetos intitulado A Rua dos Cataventos, publicado em 1940.

    4. Murilo Mendes (1901-1975)

    Além de poeta, Murilo Mendes foi destaque na prosa de 30. Atuou como divulgador das ideias modernistas na revista criada na primeira fase modernista Antropofagia.

    De sua obra poética merece destaque: Poemas (1930), Bumba-Meu-Poeta (1930), Poesia em Pânico (1938) e O Visionário (1941).

    5. Jorge de Lima (1893-1953)

    Chamado de “príncipe dos poetas”, Jorge de Lima foi escritor e artista plástico. Na poesia de 30 colaborou com as obras Poemas (1927), Novos Poemas (1929) e O Acendedor de Lampiões (1932).

    6. Vinícius de Moraes (1913-1980)

    Vinícius de Moraes foi outro grande destaque da poesia de 30. Compositor, diplomata, dramaturgo e poeta, publica em 1933 seu primeiro livro de poemas Caminho para a Distância e, em 1936, seu longo poema: Ariana, a mulher.

    Vídeo sobre o Modernismo na literatura brasileira

    https://youtube.com/watch?v=FEx0rIcWhGY%3Ffeature%3Doembed

    Saiba tudo sobre o modernismo:

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    Um pouco de Castro Alves

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    Um pouco de Castro Alves
    Biografia de Castro Alves

    Castro Alves (1847-1871) foi um poeta brasileiro, representante da Terceira Geração Romântica no Brasil. O Poeta dos Escravos expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. É patrono da cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras.

    Infância e juventude

    Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Era filho de Antônio José Alves, médico e também professor, e de Clélia Brasília da Silva Castro.

    Em 1854, sua família mudou-se para Salvador, pois seu pai foi convidado para lecionar na Faculdade de Medicina. Em 1858 ingressou no Ginásio Baiano onde foi colega de Rui Barbosa.

    Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perdeu sua mãe. No dia 9 de setembro de 1860, com 13 anos, recitou sua primeira poesia em público em uma festa na escola.

    No dia 24 de janeiro de 1862, seu pai se casa com a viúva Maria Ramos Guimarães. No dia 25, o casal, o poeta e seu irmão José Antônio partem no vapor Oiapoque para a cidade do Recife onde o jovem iria fazer os preparatórios para ingressar na Faculdade de Direito. 

    A Faculdade de Direito e as Ideias Abolicionistas

    Castro Alves chegou ao Recife numa época em que a capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanas. Cinco meses depois de chegar, publicou o poema “A Destruição de Jerusalém”, no Jornal do Recife, recebendo muitos elogios. Na tentativa de entrar na Faculdade de Direito, Castro Alves foi reprovado duas vezes. 

    No Teatro Santa Isabel, que se tornou quase um prolongamento da faculdade, realizavam-se verdadeiros torneios entre os estudantes. Nesse ambiente, em março de 1863, durante uma apresentação da peça Dalila, de Octave Feuillet, Castro Alves se encanta com a atriz Eugênia Câmara.

    Em 17 de maio publica no jornal “A Primavera”, sua primeira poesia sobre a escravidão:

    Lá na última senzala, 
    Sentado na estreita sala, 
    Junto ao braseiro, no chão, 
    Entoa o escravo seu canto 
    E ao cantar correm-lhe em pranto 
    Saudades do seu torrão.

    Um mês depois, enquanto escrevia uma poesia para Eugênia, os sintomas da tuberculose começaram a aparecer. Em 1864 morre seu irmão. Mesmo abalado, é finalmente aprovado no curso de Direito.

    Castro Alves participa ativamente da vida estudantil e literária. Publica suas poesias no jornal “O Futuro”. No 4.º número, publica uma sátira à academia e aos estudos jurídicos.

    A doença e o caso de amor

    No dia 7 de outubro, prova o gosto da morte. Uma dor no peito e uma tosse incontrolável o faz lembrar, da mãe e dos poetas que morreram com a doença. No ímpeto, escreve “Mocidade e Morte”.

    Nesse mesmo ano, volta para a Bahia, faltando aos exames e perdendo o ano na faculdade. Em Salvador, na casa da Rua do Sodré procura repousar. Em março de 1865 ele retorna ao Recife e ao curso de Direito. Isolado no bairro de Santo Amaro, vive com a misteriosa Idalina.

    Ao visitar o amigo Maciel Pinheiro, condenado à prisão escolar, no térreo do Colégio das Artes, por haver criticado a academia em um artigo no Diário de Pernambuco, escreve o poema “Pedro Ivo”, exaltando o revolucionário da Praieira e o ideal republicano:

    República!… Voo ousado/ Do homem feito condor! Novamente a palavra o condor aparece em sua poesia, simbolizando a liberdade. Mais tarde, foi chamado de Poeta Condoreiro.

    No dia 11 de agosto de 1865, na abertura solene das aulas, a sociedade pernambucana se reunia no salão nobre da faculdade para ouvir os discursos e saudações das autoridades, professores e alunos.

    Castro Alves é um deles: “Quebre-se o cetro do Papa,/ Faça-se dele uma cruz!/ A púrpura sirva ao povo/ Para cobrir os ombros nus. (…)”. Os mais velhos olhavam admirados e os mais jovens deliravam.

    No dia 23 de janeiro de 1866 morre seu pai, deixando cinco filhos menores de 14 anos. A responsabilidade ficou com a viúva e com Castro Alves, agora com 19 anos.

    Nessa época, Castro Alves inicia um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele. Em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele “O Gonzaga ou a Revolução de Minas”.

    Em seguida, Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Em seguida, vai para São Paulo e conclui o Curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco.

    Em 1868 rompe com Eugênia. De férias, numa caçada nos bosques da Lapa, fere o pé esquerdo com um tiro de espingarda, resultando na amputação do pé. Em 1870 volta para Salvador onde publica Espumas Flutuantes, único livro editado em vida, onde apresenta uma poesia lírica, exaltando o amor sensual e a natureza, como no poema Boa Noite.

    Boa-noite

    Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
    A lua nas janelas bate em cheio…
    Boa noite, Maria! É tarde… é tarde…
    Não me apertes assim contra teu seio.

    Boa noite!… E tu dizes – Boa noite.
    Mas não digas assim por entre beijos…
    Mas não me digas descobrindo o peito,
    – Mar de amor onde vagam meus desejos.

    Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
    já rumoreja o canto da matina.
    Tu dizes que eu menti?… pois foi mentira…
    …Quem cantou foi teu hálito, divina!

    Se a estrela-d’alva os derradeiros raios
    Derrama nos jardins do Capuleto,
    Eu direi, me esquecendo d’alvorada:
    “É noite ainda em teu cabelo preto…”

    É noite ainda! Brilha na cambraia
    – Desmanchado o roupão, a espádua nua –
    o globo de teu peito entre os arminhos
    Como entre as névoas se balouça a lua…

    É noite, pois! Durmamos, Julieta!
    Recende a alcova ao trescalar das flores,
    Fechemos sobre nós estas cortinas…
    – São as asas do arcanjo dos amores.

    A frouxa luz da alabastrina lâmpada
    Lambe voluptuosa os teus contornos…
    Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
    Ao doudo afago de meus lábios mornos.

    Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
    Treme tua alma, como a lira ao vento,
    Das teclas de teu seio que harmonias,
    Que escalas de suspiros, bebo atento!

    Ai! Canta a cavatina do delírio,
    Ri, suspira, soluça, anseia e chora…
    Marion! Marion!… É noite ainda.
    Que importa os raios de uma nova aurora?!…

    Como um negro e sombrio firmamento,
    Sobre mim desenrola teu cabelo…
    E deixa-me dormir balbuciando:
    – Boa noite! –, formosa Consuelo…

    Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos de idade.

    Características da Obra de Castro Alves

    Castro Alves é a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça.

    Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo. Sua poesia era como um grito explosivo a favor dos negros, sendo por isso denominado “O Poeta dos Escravos”.

    Sua poesia é classificada como “Poesia Social”, que aborda o tema do inconformismo e da abolição da escravatura, através da inspiração épica e da linguagem ousada e dramática como nos poemas: Vozes d’África e Navios Negreiros, da obra Os Escravos (1883), que ficou inacabada.

          Navios Negreiros

    IV

    Era um sonho dantesco… o tombadilho
    Que das luzernas avermelha o brilho.
    Em sangue a se banhar.
    Tinir de ferros… estalar de açoite…
    Legiões de homens negros como a noite,
    Horrendos a dançar…

    Negras mulheres, suspendendo às tetas
    Magras crianças, cujas bocas pretas
    Rega o sangue das mães:
    Outras moças, mas nuas e espantadas,
    No turbilhão de espectros arrastadas,
    Em ânsia e mágoa vãs!

    E ri-se a orquestra irônica, estridente…
    E da ronda fantástica a serpente
    Faz doudas espirais …
    Se o velho arqueja, se no chão resvala,
    Ouvem-se gritos… o chicote estala.
    E voam mais e mais…

    Presa nos elos de uma só cadeia,
    A multidão faminta cambaleia,
    E chora e dança ali!
    Um de raiva delira, outro enlouquece,
    Outro, que martírios embrutece,
    Cantando, geme e ri! 

    No entanto o capitão manda a manobra,
    E após fitando o céu que se desdobra,
    Tão puro sobre o mar,
    Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
    “Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
    Fazei-os mais dançar!…”

    E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
    E da ronda fantástica a serpente
            Faz doudas espirais…
    Qual um sonho dantesco as sombras voam!…
    Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
            E ri-se Satanás!… 

    Com “Poeta do Amor” ou “Poeta Lírico”, a mulher não aparece distante, sonhadora, intocada como em outros românticos, mas uma mulher real e sensual. Foi também o “Poeta da Natureza”, como se observa nos versos de “No Baile na Flor” e “Crepúsculo Sertanejo”, onde enaltece a noite e o Sol, como símbolos da esperança e liberdade.

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    Gotas de Poesia


    Castro Alves – 3 Poemas

    O “Adeus” de Teresa

    A vez primeira que eu fitei Teresa,
    Como as plantas que arrasta a correnteza,
    A valsa nos levou nos giros seus
    E amamos juntos E depois na sala
    “Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala

    E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

    Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
    E da alcova saía um cavaleiro
    Inda beijando uma mulher sem véus
    Era eu Era a pálida Teresa!
    “Adeus” lhe disse conservando-a presa

    E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

    Passaram tempos sec’los de delírio
    Prazeres divinais gozos do Empíreo
    … Mas um dia volvi aos lares meus.
    Partindo eu disse – “Voltarei! descansa!. . . ”
    Ela, chorando mais que uma criança,

    Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

    Quando voltei era o palácio em festa!
    E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
    Preenchiam de amor o azul dos céus.
    Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
    Foi a última vez que eu vi Teresa!

    E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

    Castro Alves )