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    Um pouco de Manoel de Barros

    Manoel de Barros

    Poeta Brasileiro

    Por Dilva Frazão

    Biblioteconomista e professora

    Biografia de Manoel de Barros

    Manoel de Barros (1916-2014) foi um dos principais poetas contemporâneos. Autor de versos nos quais elementos regionais se conjugavam a considerações existenciais e uma espécie de surrealismo pantaneiro.

    Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916. Filho de João Venceslau Barros e de Alice Pompeu Leite de Barros passou a infância na fazenda da família localizada no Pantanal.

    Na adolescência estudou em colégio interno na cidade de Campo Grande, época em que escreveu suas primeiras poesias.

    Carreira literária

    Em 1937, Manoel de Barros publicou seu primeiro livro de poesias: “Poemas Concebidos Sem Pecados”.

    Cursou Direito na Universidade do Rio de Janeiro, onde formou-se em 1941. Em seguida, viajou para a Bolívia e o Peru. Conheceu Nova Iorque e era familiarizado com a poesia modernista francesa.

    A partir de 1960 passou a se dedicar a fazenda da família no Pantanal, onde criava gado.

    Sua consagração como poeta se deu ao longo das décadas de 80 quando recebeu o “Prêmio Jabuti” com a obra “O Guardador de Águas” (1989).

    Características da obra de Manuel da Barros

    Manoel de Barros foi um poeta espontâneo, um tanto primitivo, que extraía seus versos da realidade imediata que o cercava, sobretudo a natureza, apesar da formação cosmopolita.

    Mostrava-se distante do rótulo de “Jeca Tatu do Pantanal”, que lhe tentaram impingir. Gostava de invenções verbais e neologismos como “eu me eremito”.

    Família

    Em 1947 Manoel de Barros casou-se com Stella Barros e juntos tiveram três filhos: Pedro, João e Marta.

    manoel de barros

    Em 2008 João faleceu em um acidente de avião. Em 2013 Pedro foi vítima de um AVC e não sobreviveu.

    Morte

    Em seus últimos anos de vida passou a residir na região central de Campo Grande. Aos 97 anos realizou uma cirurgia de desobstrução do intestino, mas não resistiu.

    Manoel de Barros faleceu de falência múltipla dos órgãos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 13 de novembro de 2014.

    Stella Barros faleceu em 18 de dezembro de 2020, de causas naturais aos 99 anos.

    Frases de Manoel de Barros

    • Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas – é de poesia que estão falando.
    • Sou livre para o silêncio das formas e das cores.
    • As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.
    • Tentei descobrir na alma alguma coisa mais profunda do que não saber nada sobre as coisas profundas. Consegui não descobrir.
    • Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.
    • Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
    • Com janelas de aurora e árvores no quintal –
    • Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
    • E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa dos pescadores.

    Poema: Olhos Parados

    Olhar, reparar tudo em volta, sem a menor intenção de poesia.
    Girar os braços, respirar o ar fresco, lembrar dos parentes.
    Lembrar da casa da gente, das irmãs, dos irmãos e dos pais da gente.
    Lembrar que estão longe e ter saudade deles…
    Lembrar da cidade onde se nasceu, com inocência, e rir sozinho.
    Rir de coisas passadas. Ter saudade da pureza.
    Lembrar de músicas, de bailes, de namoradas que a gente já teve.
    Lembrar de lugares que a gente já andou e de coisas que a gente já viu.
    Lembrar de viagens que a gente já fez e de amigos que ficaram longe.
    Lembrar dos amigos que estão próximos e das conversas com eles.
    Saber que a gente tem amigos de fato!
    Tirar uma folha de árvore, ir mastigando, sentir os ventos pelo rosto…
    Sentir o sol. Gostar de ver as coisas todas.
    gostar de estar ali caminhando. Gostar de estar assim esquecido.
    Gostar desse momento. Gostar dessa emoção tão cheia de riquezas íntimas.

    Obras de Manoel de Barros

    • Poemas Concebidos Sem Pecado (1937
    • Face Imóvel (1942)
    • Poesias (1946)
    • Compêndio Para Uso dos Pássaros (1961)
    • Gramática Expositiva do Chão (1969)
    • Matéria de Poesia (1974)
    • O Guardador de Águas (1989)
    • Livro Sobre Nada (1996)
    • Retrato do Artista Quando Coisa (1998)
    • O Fazedor de Amanhecer (2001)
    • Memórias Inventadas I (2005)
    • Memórias Inventadas II (2006)
    • Memórias Inventadas III (2007)
    • Portas de Pedro Vieira (2013).

    Prêmios

    • Prêmio Orlando Dantas (1960) do Diário de Notícias, com “Compêndio Para Uso dos Pássaros,
    • Prêmio Nacional de Poesias (1966) com “Gramática Expositiva do Chão,
    • Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal (1969) com “Gramática Expositiva do Chão,
    • Prêmio Jabuti de Literatura, na Categoria Poesia (1989) com “O Guardador de Águas”,
    • Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como Melhor Escritor do Ano (1990),
    • Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo Conjunto da Obra (1998),
    • Prêmio Academia Brasileira de Letras, com “Exercício de Ser Criança (2000),
    • Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Livro de Ficção, com “O Fazedor de Amanhecer” (2002).

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    Última atualização: 28/12/2020

    Dilva Frazão

    Dilva Frazão

    É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.

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    Meu nome é gal

    al Costa

    Gal Costa

    Por Dilva Frazão

    Biblioteconomista e professora

    Biografia de Gal Costa

    Gal Costa (1945-2022) foi uma cantora brasileira, uma das mais bonitas e ousadas vozes da Música Popular Brasileira.

    Maria das Graças Penna Burgos, conhecida como Gal Costa, nasceu em Salvador, Bahia, no dia 26 de setembro de 1945. Filha de Arnaldo Burgos e Mariah Costa Penna ficou órfã de pai com 14 anos de idade. Trabalhou como balconista de uma loja de discos em Salvador. Em 1963 conheceu Caetano Veloso, apresentada por Dedé Gadelha, sua vizinha e amiga e futura esposa do cantor.

    Em 1964 participou do show “Nós, Por Exemplo”, ao lado de Caetano, Gilberto Gil, Bethânia e Tom Zé, na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. Em 1965, muda-se para o Rio de Janeiro e lança seu primeiro disco, gravado ao lado de Caetano Veloso, um compacto com as músicas “Sim, Foi Você”, de Caetano e “Eu Vim da Bahia” de Gilberto Gil. Em 1966 participou do I Festival Internacional da Canção com a música “Minha Senhora” de Gilberto Gil e Torquato Neto.

    Em sua fase “tropicalista”, que absorveu influências do canto rasgado de Janis Joplin e da “psicodelia” de Jimi Hendrix, lançou seu primeiro disco solo “Gal Costa” (1969), com as músicas “Baby”, “Divino Maravilhoso”, “Que Pena” e “Não Identificado”, que alcançaram grande sucesso. Em 1971 lançou “Fa-Tal: Gal a Todo Vapor”, gravado ao vivo, que serviu para carregar a bandeira do Tropicalismo, enquanto seus dois principais compositores, Caetano e Gil, estavam no exílio. O disco traz grandes sucessos, entre eles: “Chuva Suor e Cerveja”, “Como 2 e 2” e “Pérola Negra”. Em 1975 grava a música de abertura da novela Gabriela, a canção “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi, que faz grande sucesso.

    Em 1979, Gal Costa se distanciou do repertório roqueiro e se consagrou como a intérprete de MPB e lançou “Gal Tropical” onde cantou alguns de seus maiores sucessos como: “Balancê”, “Força Estranha”, “Índia” e “Meu Nome é Gal”. Em 1980 Gal lançou “Aquarela do Brasil”, onde reuniu músicas de Ary Barroso, entre elas: “Aquarela do Brasil”, “É Luxo Só”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Camisa Amarela” e “No Tabuleiro da Baiana”.

    A aclamação popular de Gal Costa, que já havia se desenhado nos sucessos “Festa do Interior”, “Meu Bem Meu Mal” e “Açaí”, do disco “Fantasia” (1981) vai se consolidar com o disco “Bem Bom”, de 1985 – o mais vendido da cantora, com um balanço vanguardista de Arrigo Barnabé (a faixa-título) e da dupla, Michael Sullivan e Paulo Massadas, com a música “Um Dia de Domingo”, em dueto com Tim Maia.

    A partir da segunda metade dos anos 1990, Gal Costa passou a reler suas antigas gravações. Em 2001, foi incluída no Hall of Fame do Carnegie Hall, sendo a única cantora brasileira a entrar no Hall, após participar do show “40 anos de Bossa Nova”, em homenagem a Tom Jobim. Em 2005 lançou o álbum “Hoje”.

    Em 2011, Gal Costa lançou o álbum “Recanto”, concebido e composto por Caetano Veloso, o disco tirou a cantora de um autoexílio fonográfico de seis anos. Em 2015, Gal Costa lançou “Estratosférica”, em três formatos – LP, CD e download. O repertório reúne as músicas “Sem Medo, Nem Esperança”, “Casca”, “Anuviar”, “Ecstasy”, “Dez Anjos”, entre outras.

    Gal Costa faleceu no dia 09 de novembro de 2022, com 77 anos.